Se amanhã sentires saudades,
lembra-te da fantasia e
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.
Charles
Chaplin
Essa foi uma entre as muitas
mensagens tocantes e emocionantes que eu e minha família recebemos em apoio à
injustiça que está sendo cometida contra o meu pai. Tentei durante algum tempo
responder a tudo o que foi chegando, mas realmente foi impossível... é por isso
que gostaria profundamente de agradecer todos os gestos de apoio e carinho
recebidos no último mês, de pessoas conhecidas e desconhecidas, que encontraram
as mais diversas formas de mostrar que estão ao nosso lado.
Quando escrevi minha carta sobre
a condenação de meu pai jamais imaginei que minhas palavras chegariam a tanta
gente, de tantas formas diferentes, pois, contrariamente ao que alguns publicaram,
aquela não era uma carta aberta ao Brasil, mas sim um texto desabafo dirigido
aos amigos, familiares e conhecidos, mas que no fim acabou percorrendo os
caminhos mais inimagináveis. Eu realmente agradeço a você que leu e
compartilhou minhas palavras, a você que respondeu, mesmo sem saber se eu leria
aquelas mensagens, a você que não teve vergonha – nem medo – de publicar aos
seus conhecidos o outro lado de toda esta história.
Gostaria de dizer que ao longo
do último mês recebemos as mais variadas formas de solidariedade. Visitas à
nossa casa foram muitas, de Walmor Chagas, Nelson Jobim, Antônio Nóbrega e
Marcelo Deda, a tias, amigas, primas e conhecidas – minhas, de meus pais, de
meus irmãos, de nossos amigos. Mensagens, inúmeras, de Leonardo Boff, João
Moreira Salles e Luis Nassif a amigos de infância, amigos de antes, amigos de
ontem, amigos de hoje. Ligações, infinitas, de Marilena Chauí, ...... a
maridos, cunhados, namorados, amigos de amigos, de amigos de outros amigos, de
todos nós. Neste tempo todo sentimos muitas coisas, das mais diversas, mas se
há algo que nós não sentimos, foi solidão e abandono. Se hoje nos mantemos de
alguma forma firmes, é por saber que a corrente que nos apóia é maior que toda
e qualquer justiça de exceção que hoje tenta calar a voz daquele que nunca teve medo de ser ouvido.
Neste momento tão difícil, quando
recebemos totalmente por surpresa a dosimetria da condenação de meu pai, 6 anos
e 11 anos de cadeia, mais uma multa de um valor que estamos muito longe de
possuir, também quero de todo coração, agradecer a você que teve a coragem de
enfrentar os comentários contrários, as opiniões maldosas, os artigos mal
intencionados, as informações equivocadas, profanadas das mais diversas formas,
nos mais diversos meios. Fosse por meio de supostas respostas à mim, fosse por
meio de comentários no facebook, sei que muito provavelmente você leu muita
coisa ofensiva à respeito de meu pai e de nossa família e em muitos casos sei
que teve a garra de se indignar, de discutir, de mostrar sua opinião e
principalmente, de deixar clara a solidariedade em relação ao que estamos
vivendo.
Como devem imaginar, para mim é
sempre muito duro quando vejo esse tipo de manifestação agressiva,
principalmente aquelas carregadas de falta de informação e de discursos
bastante marcados não por fatos e evidências, já que não existe nada que prove
a culpa de meu pai, mas sim por “achismos” e especulações alimentadas sabemos
bem por quais fontes. Mas justamente por isso gostaria de compartilhar com
vocês, para que quem sabe um dia vocês também compartilhem com estas pessoas, o
que desejo a todos os que hoje parecem estar bastante satisfeitos com estes 6
anos e 11 meses que injustamente foram colocados em cima de meu pai.
Desejo aos que dizem que meu pai
merece ser condenado, que um dia indaguem um pouco além das manchetes e das
frases de efeito, e tentem mesmo encontrar uma prova que indique que José
Genoino é culpado. E aos que usam
teorias do direito para justificar sua falta de razão em condenar, desejo que leiam o que o
próprio autor da teoria escreveu, mostrando que sim, para condenar é preciso
que existam provas, pois meros indícios nunca poderão ser suficientes para
privar alguém de sua liberdade.
E desejo aos que têm por
profissão tentar tornar impossível que um cidadão exerça um direito
constitucional, o de votar, que em algum momento de suas vidas possam me dizer se foram
mesmo capazes
de dar risada deste seu humor maligno que parecem tanto acreditar, e aos que
buscam, com esta mesma profissão, incentivar o ódio e a reação das pessoas
contra meu pai, que um dia estejam em um supermercado de bairro, na porta de
uma loja, na entrada de uma padaria e presenciem os comentários carinhosos e
emocionados que toda nossa família teve o orgulho de muitas vezes presenciar.
Por fim, desejo com todo
sentimento possível e verdadeiro, que as pessoas um dia entendam que por trás
da notícia, do fato, da chamada do jornal, da atualização de status ou de um tweet, existem
muitas famílias que estão não apenas aqui, agora, vivendo a onda midiática do
momento, mas sim que estão há 7 anos sofrendo junto aos seus pais, maridos,
tios, genros, cunhados, a dor da injustiça e a angústia do futuro pleno que
nunca chega.
Uma vez mais, a você que nos conhece diretamente e
que não nos conhece, gostaria de agradecer a força, o carinho e a atitude de
estar ao nosso lado. Cada linha, cada agulha, cada caixa, cada bolo, cada
livro, cada frase. Cada olhar, cada aperto de mão, cada lágrima, cada riso,
cada abraço. Meu pai, José Genoino, está de cabeça erguida, preparado como
sempre para a luta. Se antes ele já tinha muitos motivos para ir até o fim em
sua batalha por justiça, agora encontrou mais motivos ainda para seguir em
frente com enorme dignidade: honrar e agradecer a cada pessoa que em meio a
tanta mentira, soube encontrar e reconhecer o caminho da verdade.
Contem com nossa eterna gratidão.
Com amor e carinho,
Miruna Kayano Genoino – novembro
de 2012
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