terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Eu não tenho medo de 2014!

Uma imagem vibrando o ano que chega,
retirada de uma postagem de uma amiga querida
Aos meus queridos amigos e amigas que nos acompanharam em nossa jornada de 2013,

Nos muitos abraços e beijos que eu e minha família recebemos especialmente no último mês, a maior parte das mensagens nos transmitiu... "Que 2014 seja mais leve que 2013", "Que em 2014 vocês encontrem um pouco de paz", "Que no próximo ano você e sua família tenham uma vida mais tranquila"... o que me fez pensar em como ficou claro para todos que nos amam, o quanto este ano cujos dois dígitos formam um número tão especial e importante para nós, foi um ano especialmente cansativo. E duro, muito duro. Mas nessa minha mensagem para desejar um feliz ano novo, não quero relembrar o que tivemos de duro e injusto, que não foi pouco. Quero agradecer a este ano que termina porque 2013, para todos da família Genoino, foi o ano da solidariedade e da generosidade.

Em nome de todos os pequenos e grandes gestos que vivenciamos nos últimos meses, é preciso dizer muito obrigada. Para você que votou em Genoino 1313 e se orgulhou quando ele assumiu seu mandato na Câmara dos Deputados, e que esteve próximo de seu mandato, participando de conversas e discussões, meu muito obrigada. Para você que encontrou com meu querido pai na rua, na feira, no sacolão, no Violeta, no sapateiro, em tantos lugares, e foi até ele dar um abraço carinhoso de apoio e respeito, meu muito obrigada. A você, que sofreu conosco quando no dia 24 de julho o coração Genoino parou momentaneamente para que, mantendo a circulação sanguínea em uma máquina, pudesse ter seu gravíssimo problema corrigido, obrigada... e a você que rezou, pediu, acompanhou a recuperação ainda não concluída de meu pai, e a vocês, que cuidaram, costuraram, preparam, enxugaram, medicaram meu pai, muito obrigada. Obrigada.

Para você que nos ajudou de formas tão infinitas e variadas desde aquele dia 15 de novembro, telefonando, publicando em redes sociais, manifestando indignação, indo conosco até a polícia federal, gritando a plenos pulmões o seu apoio ao guerreiro, meu muito obrigada. Obrigada a você que trocou sua foto de perfil por uma de meu pai, que publicou no facebook sem medo de aguentar discussões e comentários alheios, que curtiu minhas postagens e enviou palavras carinhosas por meio dos comentários... obrigada de coração. Foram tantos e infinitos gestos, desde ajudar a cuidar de meus preciosos filhos, acampar em frente ao presídio e no STF, escrever um artigo verdadeiro e cheio de beleza, providenciar uma comida gostosa para a família, levar um bolo quentinho quando tudo parecia desmoronar, que o obrigado parece pequeno, pequeno demais.

Hoje não vou chorar por 2013 e suas injustiças, hoje, se eu chorar, o que é muito provável, vai ser de alegria, porque neste ano nós encontramos a verdadeira essência do ser humano: a capacidade real e autêntica de saber construir formas tão únicas e especiais de dar diferentes significados à palavra SOLIDARIEDADE.

Feliz 2014 a todos!

Miruna Genoino

sábado, 28 de dezembro de 2013

Continua nossa luta

27/11

Sobre um dos médicos que deu o laudo do Barbosa:

Fui aluno do Dr. Luiz Fernando Junqueira, o chefe da junta médica que atestou a saúde do deputado José Genoíno. Não vou discutir a competência do Professor Junqueira como pesquisador, professor ou cientista. Muito menos a sua orientação política, que sei ser reacionária. Mas discuto se o mesmo se encontra apto a chefiar uma equipe deste calibre, para emitir um laudo. 


Há muito tempo o Dr. Junqueira deixou de clinicar, de atender pacientes reais, de caminhar dentro do Hospital e examinar pacientes a beira do leito. Sequer o Dr Junqueira tem um consultório, onde atenda pacientes particulares reais. Ele se resume a isto, mais professor e pesquisador do que médico. Como médico que atende pacientes na condição de Genoíno, entendo que o quadro dele é grave, não pelo fato de ele ter sido submetido a uma cirurgia, mas sim devido a ele ter uma doença sistêmica! E doenças sistêmicas só são tratadas com mudanças de hábitos de vida, que incluem boa alimentação, atividade física com acompanhamento fisioterápico, uso controlado de medicamentos, exames laboratoriais e de imagem para controle e acesso fácil a unidades de urgência e emergência. Isto é o que exijo para meus pacientes. Isto que o Sírio Libanês orientou para que fosse feito por Genoíno.


Se eu fosse o médico de Genoíno, entraria com representação no CRM contra esta junta médica, pois ela diretamente fere a autonomia do médico do paciente de indicar o melhor tratamento conforme os artigos:


- Art. 94. Intervir, quando em função de auditor, assistente técnico ou perito, nos atos profissionais de outro médico, ou fazer qualquer apreciação em presença do examinado, reservando suas observações para o relatório.


- Art. 97. Autorizar, vetar, bem como modificar, quando na função de auditor ou de perito, procedimentos propedêuticos ou terapêuticos instituídos, salvo, no último caso, em situações de urgência, emergência ou iminente perigo de morte do paciente, comunicando, por escrito, o fato ao médico assistente.


- Art. 98. Deixar de atuar com absoluta isenção quando designado para servir como perito ou como auditor, bem como ultrapassar os limites de suas atribuições e de sua competência.


Escrito por Alan, no conversa afiada.


11/12


O tempo passa, as manchetes mudam, e meu pai continua com a situação indefinida. É triste ver que de um dia ao outro se emitiu o mandado de prisão, mas mais de 20 dias depois a situação provisória continue igual. Meu pai, longe de casa, torturado mentalmente, enquanto uns e outros por aí ficam tranquilos entre eventos, viagens e casa em Miami. Muito triste, mesmo.


16/12


Não, meu pai não tem ainda os 90 dias de domiciliar e parece que o STF não quer de forma alguma entender que ele não tem condições físicas de estar na cadeia. Tenho que começar minha semana sabendo que o JB pediu um parecer (outro parecer, pelo amor de Deus), para o juiz de execução de Brasília e de São Paulo perguntando se eles têm condições de receber meu pai nos presídios destes locais. Alguém por favor pode pedir, rezar, pensar, desejar, que nossa tortura tenha fim? Alguém pode me explicar por que tenho de passar por esse sofrimento? Por que não posso planejar o natal com minha família? Por quê? Por quê? É muita falta de humanidade, o ministério público já pediu que meu pai seja colocado em prisão domiciliar, mas não se conformam e precisam pedir aos juízes que digam se ele não pode mesmo ir para a prisão... Vc acha que eles vão dizer o quê? Todos só o que querem é prender meu pai atrás das grades, mas que todos lembrem que terão de responder POR SUA VIDA!!!!!!!!


18/12


E hoje é o dia. Hoje o juiz precisa dizer ao Joaquim Barbosa, que certamente já deve ter a sua ceia de natal preparada, programada, organizada, se meu pai pode voltar ao presídio. Meu pai, com uma cardiopatia grave, não importa o que digam os laudos médicos covardes, tem sim necessidades médicas específicas que sabemos que nenhum presídio pode cumprir. Em 5 dias eles precisou ser internado no hospital, com a pressão descontrolada e o sangue quase indo em uma hemorragia, mas ainda assim querem voltar a prendê-lo novamente. 

Aconteça o que acontecer nossa família não vai se calar, vamos lutar até o fim, vamos gritar, vamos implorar, chorar, berrar... quem fará isso junto conosco? Não sei, mas não me importa. Que a consciência de cada um diga se fez o que pôde para lutar contra a injustiça e a tortura brutal a que estamos submetidos eu, minha família e meu pai amado. JUNTOS, SEMPRE.

HOJE


Palavras textuais do presidente do STF sobre a situação do meu pai:


"Por fim, considerada a provisoriedade da prisão domiciliar na qual o condenado vem atualmente cumprindo sua pena, e a forte probabilidade do seu retorno ao regime semi-aberto ao fim do prazo solicitado pela Procuradoria-Geral da República, considero que a transferência ora requerida fere o interesse público.

Por todo o exposto, indefiro o pedido de cumprimento da pena em regime domiciliar em São Paulo."

Eu sei que não posso falar tudo o que penso sobre o presidente da suprema corte de justiça de meu país. Mas também, que adjetivo é possível usar para alguém que proíbe um condenado CARDÍACO de cumprir sua pena DOMICILIAR em seu DOMICÍLIO e ainda ameaça de que em fevereiro vai colocá-lo de volta na prisão? 


O próprio laudo feito pelos médicos escolhidos a dedo por Barbosa fala: "Desta feita, o tratamento anti-hipertensivo de longo prazo deve incluir (... cita a dieta, exercícios e tal) A RESTRIÇÃO DA INFLUÊNCIA DE FATORES PSICOLÓGICOS ESTRESSANTES". Que tal isso ser considerado a começar pelo presidente do Supremo? O que vocês acham que se pode dizer de alguém que já ameaça e anuncia, no dia 28 de dezembro, uma época realmente propícia para ameaças, que a pessoa vai voltar para a cadeia em dois meses????????????

Meus posts sobre a grande injustiça

13/11

Perdemos. Mas não é só o meu pai que vai perder a liberdade, o que se perde é algo muito maior. Que alguém que já esteve preso para que todos nós hoje sejamos livres, volte a perder sua liberdade por uma injustiça é algo que não dá nem para comentar. Nossa luta agora é para que ele cumpra prisão em regime semi-aberto em São Paulo e não em Brasília como pediu o Barbosa, por motivos óbvios. Se já precisávamos de vocês antes, agora nem sei como dizer o quanto é necessário o carinho e o amor de todos. Paulinha cumpre 7 anos semana que vem. Luismi cantará na escola semana que vem. E pensar que tudo isso será vivido longe do avô é duro e triste demais.

14/11

Nada mais a falar. Que eu encontre forças em algum lugar.


17/11

Amigos e amigas da família Genoino... Até agora não tive forças para escrever algo aqui, e se agora o faço é porque recebi muito carinho de todos e não podia deixar de compartilhar a REALIDADE e não aquilo que a mídia quer que todos pensem.

1) Meu pai saiu de SP, entrou pela primeira vez em um avião desde sua cirurgia, teve de fazer escala em BH e passou mal da pressão antes de chegar em Brasília.

2) Diante da situação, nós, SUA FAMÍLIA, que estamos aqui em Brasília, fizemos a solicitação à polícia federal de que um médico DE NOSSA CONFIANÇA pudesse ver meu pai. Esse pedido foi aceito.

3) Segundo o médico meu pai está de certa forma tranquilo, mas está muito cansado e isso NOS PREOCUPA BASTANTE. Ele precisa tomar muitos remédios, fazer controle sanguíneo e seguir uma dieta alimentar específica para sua condição. Meu pai ainda está com uma alteração no nível de coagulação do sangue e isso precisa ser minuciosamente acompanhado.

LUTAMOS PELA CONCESSÃO DA PRISÃO DOMICILIAR. Meu pai precisa de cuidados e dentro do horror que estamos vivendo essa é a nossa luta, para que dentro de sua condenação ele tenha os cuidados médicos que precisa!!

Pessoal, saibam que cada palavra, cada mensagem, cada desejo de solidariedade constitui a nossa força para superar o que estamos vivendo. Estou muito, muito triste, e muito, muito cansada, mas de alguma forma tenho encontrado forças para seguir. Hoje estive por quase três horas dentro de um carro, no portão de um PRESÍDIO, aguardando as notícias do médico. E digo que não há como descrever o que é olhar para além dos muros, saber que seu pai está ali, do lado de lá, e saber que você está "não está autorizada a falar com ele". Ainda bem que algumas formas de comunicação não existe Barbosa no mundo que poderá proibir.

17/11

A SITUAÇÃO É GRAVE.

A família denuncia que Genoino:

- Está trancado em uma cela o dia inteiro, sendo que seu direito é estar em um regime semi aberto
- Passou os últimos dois dias comendo alimentação de péssima qualidade
- Ficou tomando água de torneira até que José Dirceu e Delúbio Soares solicitassem água mineral
- Recebeu alimentação não balanceada às 16h30 e não receberá NENHUMA ALIMENTAÇÃO até o dia seguinte

NÃO PEDIMOS PRIVILÉGIO, PEDIMOS DIGNIDADE!

18/11

Amigos e amigas,

Hoje está sendo um dia difícil para a família, pois a cada dia que passa sem que alguma providência seja tomada, a saúde do meu pai se agrava. Estamos preparados para lutar até o fim e não iremos nos calar, nem hoje, nem nunca, e apenas contamos com vocês para ajudar-nos nessa saga, que atualmente não é nem mais por justiça e sim por dignidade humana. 

Meu pai precisa de cuidados, amanhã PRECISA fazer um exame de sangue e não pode ficar sem se alimentar corretamente. Meu pai não vai abaixar o braço, não vai fraquejar, e ainda que nos custe, nós também não. Esperamos que outras pessoas que têm voz pública e política falem e nos ajudem, pois se a vida de meu pai sempre foi dedicada à política, que possamos garantir que a política não tire a vida dele.

20/11

Amigos e amigas, sei que a sensação geral melhorou e que parece que existe uma esperança maior de que venha a domiciliar, mas peço do fundo do meu coração, em nome de todo o carinho e ajuda que têm enviado a mim e à minha família, que sigam na corrente positiva de pensamentos, orações, pedidos e compartilhamentos.

Nesse momento meu pai continua preso, com a saúde que se fragiliza a cada dia que passa naquele lugar, e em meio a uma imprensa que denuncia nossa visita com uma veemência que não aparece quando relatam, e não denunciam, todas as irregularidades que têm sido cometidas com meu pai.

O que posso dizer a vocês é que o relato dele, de Dirceu e Delúbio é de um grande carinho e respeito dos presos com eles, inclusive o lençol que meu pai usa agora foi oferecido por um detento, porque não podíamos mandar nada a ele.

De possibilidades e esperanças, se fala muito, mas a realidade é que mais um dia começa sem que eu tenha meu pai bem cuidado dentro de sua casa.

23/11

Nessas notícias vocês podem confiar!

É o que me disse uma grande amiga e é isso mesmo, gente, vocês não podem imaginar como essa grande imprensa mente de forma deslavada! A situação é a seguinte:

- Meu pai está internado no hospital, tentando ajustar o nível de coagulação que graças aos dias na cadeia SEM alimentação adequada chegou a níveis alarmantes
- A pressão dele continua instável, ora alta, ora baixa e isso representa um risco enorme pois pode repetir o problema que ele teve em julho
- Diante disso tudo passará por uma junta médica que fará o quinto laudo sobre a saúde dele! Quinto! Realmente nesse ponto ainda faltam informações para o STF sobre a saúde de meu pai...

Se estamos tranquilos? Não, nem um pouco. Estamos de novo com meu pai internado em um hospital ao qual chegou por culpa desse sistema todo, onde apenas o que importa é informar a rede globo e criar espetáculo.

MEU PAI AINDA NÃO TEM A DOMICILIAR e sua ida à São Paulo é algo que vemos ainda como algo longe, longe e incerto. Por certo, não acreditem mesmo em nada, Dirceu e Delubio continuam em regime fechado, em celas o dia inteiro, tal qual esteve meu pai. A ilegalidade não tem fim! Mas nossa força para lutar e denunciar também não!!!



O dia em que a minha vida parou - parte II

Eu com meu pai amado, em 2006
Quem tem a sorte grande de nunca ter visto um ser querido e amado na UTI pode sentir-se muito, muito afortunado. O sentimento que temos por um lugar como esse é extremamente ambíguo... agradecemos todo o cuidado e atenção, toda a capacidade tecnológica a favor da pessoa que amamos, toda a medicina, química à dispor de salvar aquela preciosa vida... por outro lado existe o peso, o medo, a visão que temos de alguém que sabemos que está distante de estar como conhecemos e que torna a relação com aquele espaço algo difícil de explicar.

Passado o susto da chegada, da primeira visão de meu pai, fui tomando consciência do furacão que tinha entrado em nossas vidas. Se antes de aterrisar no Brasil era apenas uma intuição minha achar que a vida de meu pai esteve em jogo, na sala de espera da UTI pude compreender que ele estava sobrevivendo a um verdadeiro milagre. A dissecção da aorta é uma das condições mais graves da cardiologia, é um problema a ser resolvido em uma cirurgia que nenhum médico gosta de realizar, pois as chances de fracasso são altíssimas. A primeira notícia que tive foi que meu pai teve, no dia 24/07, 90% de chances de falecer. Soube que ao longo das 15 horas entre a dor inicial e a cirurgia, a cada hora o risco dele de morrer ia aumentando perigosamente mais... sim, quando eu soube disso ele estava vivo, mas saber que a morte esteve tão perto desta pessoa tão amada é um susto, um abismo que sempre deixa marcas muito profundas...

Em meio a tudo isso, soube dos riscos e das possíveis sequelas: motora, neurológica e na fala... as notícias que chegavam nos davam esperanças, a recuperação dele parecia boa, mas os olhos fechados, os tubos cobrindo muitas partes de seu corpo, ainda causavam muita ansiedade em todos nós. Foi quando sai minha mãe da UTI e fala para mim e para o Nanan: "Ele abriu os olhos, chorou, vão para lá!". Corremos. Ao chegar, o quarto estava a mil por hora, cheio de gente, máquinas, iam fazer um raio-X e por isso o levantaram da cama, bem nessa hora pudemos vê-lo na nossa frente, e vimos aqueles olhos tão expressivos abertos, olhando para nós. Acho que nunca em minha vida vi os olhos de meu pai tão arregalados, tão abertos, tão cheios de vida... ele mesmo não lembra daquele momento, mas eu tenho certeza de que seus olhos expressavam sua própria surpresa em reencontrar-se com a vida.



Nesse momento tão único chega a Mariana minha irmã, vinda de Brasília, às pressas. Nós três fomos entramos e vendo os olhos de meu pai nos observando, rondando, procurando entender onde estava, o que era tudo aquilo, como aquela situação estava acontecendo. Foi um momento muito forte... sua voz ainda não podia ser ouvida, mas sua forma de comunicar-se com os olhos nos dizia que ele estava aqui, que sua mente estava lúcida, que ele tinha voltado não apenas de corpo, mas também de alma... ao sair da UTI meu irmão abraçou minha mãe, que tinha voltado a entrar e os dois choraram abraçados, soltando muito do que viveram juntos durante a noite, esperando a cirurgia acabar. Eu nunca vou saber exatamente o que eles dois passaram e nunca poderei apagar a marca de não ter estado ao lado deles quando tudo aconteceu... por um lado eu não soube das estatísticas tenebrosas, por outro corri um risco muito, muito grande, de ter perdido meu pai sem ter conseguido me despedir dele. Este é o grande pesadelo que me aflige, o quão perto estive de não ter conseguido me despedir do meu pai amado, desta pessoa que eu não imagino fora da minha vida, de não ter dito a ele o quanto eu o amo e o quanto a vida dele é a minha vida também.

Com aqueles olhos abertos eu pude acolher um pouco desta minha angústia, pude falar muitas vezes ao meu pai o quanto o amo olhando em seus olhos, pude encontrar naquele olhar a certeza de que ele sabia que eu estava ali, que estava de volta, que estávamos de novo juntos. Nunca poderia imaginar o valor de olhar nos olhos do meu pai...

O dia em que a minha vida parou - parte I

Era uma quarta-feira, dia 24 de julho de 2013. Eu estava em La Plata, caminhando em minha segunda semana presencial do mestrado que, coisas do destino é um projeto que desde o início tem como grande incentivador meu pai, meu querido pai. Almoçamos eu, Giuli e Chris como sempre, em nosso andar vazio da universidade, comendo nossos sanduíches caseiros e trocando histórias e confidências. Por muitos e muitos dias eu volto àquele almoço, àquela preciosa uma hora de almoço onde meu coração estava tranquilo, a não ser pela saudade da família, e onde uma gargalhada sonora era algo tão fácil de acontecer. Nunca imaginaria que depois daquele momento tanta coisa ia mudar...


Às 13:24 eu escrevi no facebook a seguinte mensagem:





Eu nunca poderia imaginar que essa era novamente uma das minhas habituais premonições que sempre aconteceram entre eu e meu pai.



Às 14h eu recebo uma mensagem do meu irmão, pelo facebook, de que ele tinha que falar comigo; quando ele me disse que precisava ser pelo skype pensei que algo muito ruim tinha acontecido... mesmo nos dias de hoje em que a tecnologia é algo tão natural eu demorei uma hora para entender o que tinha acontecido: meu pai tinha passado mal em Ubatuba, onde estava com meus filhotes queridos (para eu estar tranquila em La Plata), e por conta de dores no peito e nas costas tinha ido para a Santa Casa de Ubatuba. Nada tinha sido encontrado, a dor persistia e ele precisava ir para São Paulo de ambulância, o quanto antes.



Ainda à espera de notícias mais claras, pude falar com ele e suas palavras foram: "Mimi, estou bem, não precisa voltar para o Brasil". Minha mãe também foi categórica, eu tinha de esperar um pouco, parecia que não era nada grave, apenas stress... antes fosse...



Às 22h30, no Hostel onde estávamos alojadas, com meu pai já em São Paulo, a mensagem de todos que estavam aqui continuava sendo para eu ficar tranquila e esperar, que parecia que estava tudo bem. Às 23h tudo mudou. Meu irmão escreveu três frases para mim: Mimi o papai está em estado grave. Vai ser operado. É melhor você voltar. A partir desse momento foi como se a minha vida parasse. Nada mais tinha sentido, valor, importância, direção ou tamanho, nada mais além de meu pai, sua vida, sua presença, ele perto de mim.


Não sei nem o que senti, falei, vivi ou pedi, só sei que de alguma forma a Giu e a Chris me ajudaram a conseguir pegar uma mochila e sair rumo à Buenos Aires para de alguma forma me aproximar do Brasil, o  mais perto possível de onde a vida do meu pai estava e deveria estar. Nunca me disseram explicitamente que a vida dele estava em risco, mas eu soube disso a partir do momento em que li as frases do meu irmão... não sei nada de doenças cardíacas, mas a aorta dele estar rasgada, algo que eu sabia antes mesmo de conhecer a verdade, não podia ser algo simples.

Das 23h30 às 8h eu estive viajando. Passei por 4 cidades, três países, taxi, avião, esteira, escada, subi, desci, andei, corri, sentei, levantei, chorei e chorei. A uma hora e meia em que estive no avião de Buenos Aires até Assunção no Paraguai e as duas horas e meia de Assunção até São Paulo, onde do alto das nuvens eu não podia receber uma mensagem, uma notícia, nada, foram as piores horas da minha vida. O que eu vivi naquelas horas eu não desejo a ninguém, nem ao meu pior inimigo... estar voando sem saber se meu pai amado estava vivo ou morto, sem saber o que era de sua vida, foi algo que eu jamais poderei explicar. Não sei como aguentei, não sei como não enlouqueci, não sei como consegui chorar baixinho, porque foram horas de sofrimento sem tamanho... o que pensei? em tudo o que meu pai significa em minha vida, nele como este pai especial, aquele que me completa, que eu amo e que me ama acima de qualquer coisa, meu companheiro, meu amigo, meu conselheiro... e pensei em meu avô, pai do meu pai, que com mais de 90 anos superou duas cirurgias graves do coração, eu só pensava nele e em que ele haveria de ter passado a força de seu coração ao meu pai amado.

Lembro claramente de um momento em que olhei pela janela e ali, acima das nuvens, vi um céu único, lindo, com o sol nascendo sem uma única coisa além de seus raios e pensei: o que é isso? é a mensagem de que meu pai se foi ou a alegria dele ainda estar presente em minha vida?

Em Assunção em tinha ficado sabendo que a cirurgia tinha acabado, mas pelas palavras de meu irmão algo me dizia que ainda não era hora de comemorar...

Mais ou menos às 9h de quinta-feira dia 25 de julho eu pude finalmente abraçar meu irmãozinho lindo e minha mamãe amada e ir, de mãos dadas com meu Nanan, ver meu pai... entrei na UTI tremendo, sem saber o que pensar ou sentir, sem nada mais além de meu coração de filha em frangalhos, e quando meu olhos encontraram aqueles olhos dele fechados, inchados ainda, seu corpo todo coberto por fios, máquinas e apetrechos, não sabia o que sentir ou pensar, eu apenas queria que ele pudesse saber que eu estava de volta. Perguntei à enfermeira se eu podia beijá-lo, dei então muitos beijos em suas mãos, onde era possível, e falei bem perto do seu ouvido: "Papai, eu voltei, eu estou aqui, com você. Eu te amo"...


Faltava saber quando ele ia poder responder às minhas palavras...

Gratidão

Se amanhã sentires saudades,
lembra-te da fantasia e
sonha com tua próxima vitória.
Vitória que todas as armas do mundo
jamais conseguirão obter,
porque é uma vitória que surge da paz
e não do ressentimento.

Charles Chaplin

Essa foi uma entre as muitas mensagens tocantes e emocionantes que eu e minha família recebemos em apoio à injustiça que está sendo cometida contra o meu pai. Tentei durante algum tempo responder a tudo o que foi chegando, mas realmente foi impossível... é por isso que gostaria profundamente de agradecer todos os gestos de apoio e carinho recebidos no último mês, de pessoas conhecidas e desconhecidas, que encontraram as mais diversas formas de mostrar que estão ao nosso lado.
Quando escrevi minha carta sobre a condenação de meu pai jamais imaginei que minhas palavras chegariam a tanta gente, de tantas formas diferentes, pois, contrariamente ao que alguns publicaram, aquela não era uma carta aberta ao Brasil, mas sim um texto desabafo dirigido aos amigos, familiares e conhecidos, mas que no fim acabou percorrendo os caminhos mais inimagináveis. Eu realmente agradeço a você que leu e compartilhou minhas palavras, a você que respondeu, mesmo sem saber se eu leria aquelas mensagens, a você que não teve vergonha – nem medo – de publicar aos seus conhecidos o outro lado de toda esta história.
Gostaria de dizer que ao longo do último mês recebemos as mais variadas formas de solidariedade. Visitas à nossa casa foram muitas, de Walmor Chagas, Nelson Jobim, Antônio Nóbrega e Marcelo Deda, a tias, amigas, primas e conhecidas – minhas, de meus pais, de meus irmãos, de nossos amigos. Mensagens, inúmeras, de Leonardo Boff, João Moreira Salles e Luis Nassif a amigos de infância, amigos de antes, amigos de ontem, amigos de hoje. Ligações, infinitas, de Marilena Chauí, ...... a maridos, cunhados, namorados, amigos de amigos, de amigos de outros amigos, de todos nós. Neste tempo todo sentimos muitas coisas, das mais diversas, mas se há algo que nós não sentimos, foi solidão e abandono. Se hoje nos mantemos de alguma forma firmes, é por saber que a corrente que nos apóia é maior que toda e qualquer justiça de exceção que hoje tenta calar a voz daquele que nunca teve medo de ser ouvido.
Neste momento tão difícil, quando recebemos totalmente por surpresa a dosimetria da condenação de meu pai, 6 anos e 11 anos de cadeia, mais uma multa de um valor que estamos muito longe de possuir, também quero de todo coração, agradecer a você que teve a coragem de enfrentar os comentários contrários, as opiniões maldosas, os artigos mal intencionados, as informações equivocadas, profanadas das mais diversas formas, nos mais diversos meios. Fosse por meio de supostas respostas à mim, fosse por meio de comentários no facebook, sei que muito provavelmente você leu muita coisa ofensiva à respeito de meu pai e de nossa família e em muitos casos sei que teve a garra de se indignar, de discutir, de mostrar sua opinião e principalmente, de deixar clara a solidariedade em relação ao que estamos vivendo.
Como devem imaginar, para mim é sempre muito duro quando vejo esse tipo de manifestação agressiva, principalmente aquelas carregadas de falta de informação e de discursos bastante marcados não por fatos e evidências, já que não existe nada que prove a culpa de meu pai, mas sim por “achismos” e especulações alimentadas sabemos bem por quais fontes. Mas justamente por isso gostaria de compartilhar com vocês, para que quem sabe um dia vocês também compartilhem com estas pessoas, o que desejo a todos os que hoje parecem estar bastante satisfeitos com estes 6 anos e 11 meses que injustamente foram colocados em cima de meu pai.
Desejo aos que dizem que meu pai merece ser condenado, que um dia indaguem um pouco além das manchetes e das frases de efeito, e tentem mesmo encontrar uma prova que indique que José Genoino é culpado.  E aos que usam teorias do direito para justificar sua falta de razão em condenar, desejo que leiam o que o próprio autor da teoria escreveu, mostrando que sim, para condenar é preciso que existam provas, pois meros indícios nunca poderão ser suficientes para privar alguém de sua liberdade.
E desejo aos que têm por profissão tentar tornar impossível que um cidadão exerça um direito constitucional, o de votar, que em algum momento de suas vidas possam me dizer se foram mesmo capazes de dar risada deste seu humor maligno que parecem tanto acreditar, e aos que buscam, com esta mesma profissão, incentivar o ódio e a reação das pessoas contra meu pai, que um dia estejam em um supermercado de bairro, na porta de uma loja, na entrada de uma padaria e presenciem os comentários carinhosos e emocionados que toda nossa família teve o orgulho de muitas vezes presenciar.
Por fim, desejo com todo sentimento possível e verdadeiro, que as pessoas um dia entendam que por trás da notícia, do fato, da chamada do jornal, da atualização de status ou de um tweet, existem muitas famílias que estão não apenas aqui, agora, vivendo a onda midiática do momento, mas sim que estão há 7 anos sofrendo junto aos seus pais, maridos, tios, genros, cunhados, a dor da injustiça e a angústia do futuro pleno que nunca chega.
Uma vez mais, a você que nos conhece diretamente e que não nos conhece, gostaria de agradecer a força, o carinho e a atitude de estar ao nosso lado. Cada linha, cada agulha, cada caixa, cada bolo, cada livro, cada frase. Cada olhar, cada aperto de mão, cada lágrima, cada riso, cada abraço. Meu pai, José Genoino, está de cabeça erguida, preparado como sempre para a luta. Se antes ele já tinha muitos motivos para ir até o fim em sua batalha por justiça, agora encontrou mais motivos ainda para seguir em frente com enorme dignidade: honrar e agradecer a cada pessoa que em meio a tanta mentira, soube encontrar e reconhecer o caminho da verdade.
Contem com nossa eterna gratidão.

Com amor e carinho,


Miruna Kayano Genoino – novembro de 2012

La história de mi padre

La história de mi padre
Muchos de vosotros sabéis que en este momento mi familia y yo estamos pasando por momentos muy duros a raíz de problemas políticos que está viviendo mi padre, José Genoino. A lo largo de muchos años de convivencia muchos de vosotros habéis escuchado algunas cosas sobre quién es mi padre, lo que ha hecho, su vida política, pero en este momento me gustaría explicaros mejor lo que está ocurriendo.
Para eso empiezo por contaros un poco sobre la historia de vida de mi padre, que ayuda a explicar muchas cosas. Él ha nascido en Quixeramobim, una ciudad muy, pero que muy pequeña en el nordeste de Brasil. Su familia era compuesta por padre y madre campesinos, con 12 hijos para cuidar, viviendo en medio del “sertão” de Brasil, una región con sol todo el año, poca lluvia y dónde tenían que habérselas para conseguir plantar y cultivar aquello que necesitaban para comer. En este sitio, perdido  en medio a mucha pobreza, ha nascido mi padre, que decidió, por su propia cuenta y riesgo, que quería salir de allí para estudiar y, quien sabe, conseguir cambiar la vida de su familia y de la gente esa que tanto sufrimiento cargaba a las espaldas. Pues bien, a los 7 años mi padre empezó a caminar, día tras día, 14 quilómetros para ir y otros 14 para volver a una escuela donde a lo mejor pudiese estudiar y ser alguien en la vida.
Así empezó su historia de lucha, donde siempre ha dejado sus necesidades personales a un lado, en nombre de sus ganas de hacer algo con respeto a todo aquello que le parecía injusto o inaceptable. Consiguió estudiar y fue el primero en su familia en conseguir entrar en una universidad, una no, dos, empezando a estudiar derecho y filosofía. Fue allí, en medio a los estudios, que conoció el movimiento de estudiantes, actuaciones primero dentro de las universidades y después fuera, para luchar por mejores condiciones de estudio, más libertad de expresión, democracia, justicia. Y fue allí donde él estaba cuando empezaron los años del régimen militar, un golpe de estado en Brasil, donde se eliminaron los derechos civiles, como el voto, la libertad de prensa, el derecho a opinar, entre otras cosas.
La dictadura militar encerraba en la cárcel a los que protestaban en contra de aquella situación, utilizando de todos los medios para callar a los que intentaban defender el derecho de todo un pueblo. Mi padre y mi madre fueron encerrados en la cárcel. Mi padre estuvo 5 años encerrado y mi madre 1 año y medio. En este tiempo los han torturado a los dos, de todas las maneras posibles: choques, ahogamientos, quemaduras, dolor, mucho dolor. Ellos dos han llegado a ser torturados el uno delante del otro,  con todo el peso físico y emocional de una situación como esta.
Toda esta lucha ha tenido un final feliz pues al final la dictadura militar salió derrotada y los derechos fueron devueltos al pueblo brasileño como nunca debían haber sido quitados. Aún así, aún ya habiendo hecho algo muy importante para siempre, mi padre siguió en su camino de lucha, esta vez en la democracia, actuando como diputado federal a lo largo de 24 años. En estos años siempre ha luchado por los derechos de los que más necesitaban y nunca, jamás, se ha dejado llevar por las ilusiones del poder, como el dinero fácil, la publicidad efémera de la prensa, los engaños de tener más de lo que se debe. Él ha llegado a ser invitado varias veces a posar para la revista “Hola” brasileña y jamás lo aceptó, diciendo que él no estaba en esta vida para ilustrar reportajes, sino para vivir su lucha, su historia, sus ideales.
En el año del 2002 Lula ha sido elegido presidente de Brasil, una lucha que mi padre y el partido en el cuál siempre ha participado, lo encabezaron desde que la democracia volvió a Brasil. Finalmente podrían cambiar las cosas, efectivamente no luchar, pero hacer un país mejor. En 8 años de gobierno Lula ha reducido enormemente la pobreza en mi país, sacando a mucha gente de la más absoluta miseria, devolviendo la dignidad de todo un pueblo. La gente sin recursos empezó a poder crecer en la vida, estudiar,  trabajar, crear una familia, ser digno.
Pero, claro está, eso no ha sido del gusto de mucha gente, especialmente de aquellas personas que por años y años han tenido el poder y el dinero en Brasil. Si antes se privatizaban las empresas para dar dinero a los empresarios, ahora Lula destinaba los fondos para que la gente tuviese una “beca familia”, donde la gente sin recurso pudiese tener su contribución mensual y seguir adelante. Si antes Brasil se ahogaba en las deudas con otros países, ahora Lula empezaba a fortalecer las empresas brasileñas y a darles la posibilidad de crecer aquí mismo,  ganando fuerza económica y social, con los muchos trabajadores que salían por fin del paro. Donde antes había injusticia, empezó a existir igualdad, donde antes había desigualdad, empezó a existir  dignidad.
Bueno, con todo eso, encontraron una manera, los partidos y poderes de oposición,  de intentar derrumbar a este proyecto del cual mi padre es una parte. En el año del 2005 salió un diputado a decir que existía un esquema de compra de votos, o sea, que el partido de mi padre pagaba a los otros partidos para que en el congreso votasen a favor del gobierno. En este momento mi padre era el presidente del Partido de los Trabajadores y gran parte del escándalo cayó sobre él.
Del 2005 al 2012 fueron 7 años de mucho sufrimiento para mi padre y para toda nuestra familia. Fueron muchas las falsas acusaciones y excesivas las exageraciones de la prensa. Infelizmente en Brasil no tenemos periódicos de izquierdas, solamente hay la visión de los poderosos y de los que desean que nada cambie.
Al final, ahora en el año del 2012 mi padre ha sido condenado por supuestos crímenes que él jamás ha cometido. Le han condenado porque ha firmado un préstamo de su partido, que, a la vista de los jueces sin carácter, seria para pagar a los diputados. Lo único que se han olvidado es que este préstamo estaba legalizado, que ya ha sido pagado y que no existe ni una sola prueba de que haya existido algo ilegal con el dinero que el Partido ha recibido para pagar sus deudas. También le han condenado porque, decían, había hecho muchas reuniones con otros partidos, olvidando que mi padre era el presidente del partido y que era natural que tuviera que reunirse con otros políticos. No hay ni una sola prueba para que pudieran condenar a mi padre y aun así lo han hecho.
No sabemos lo que pasará, pero os puedo decir de corazón que si por un lado hay mucha gente en contra, por otro estamos recibiendo muchas demonstraciones de respeto y de apoyo. Personas que no son sólo del partido de mi padre, sino individuos que desean compartir su indignación con nosotros, demostrar que están y estarán a nuestro lado para lo que haga falta. Mi padre está bien, fuerte y decidido a luchar por su inocencia. No va a bajar la cabeza y no dejará que nadie ensucie el único bien que ha conseguido conquistar a lo largo de más de 40 años dedicados a la política: su honradez y su honestidad.
La gente que nos apoya sabe que mis padres viven en la misma casa hace más de 20 años. Saben que mis hermanos y yo trabajamos no por pasar el tiempo, como lo hacen muchos hijos de gente con dinero, pero porque necesitamos pagar nosotros mismos nuestras cuentas y construir por nuestro propio esfuerzo nuestro futuro. Saben que una persona que es corrupta, como dicen de mi padre los jueces sin carácter que le han condenado, nunca tendría la vida sencilla que tenemos, sin lujos, sin dinero sobrando, solamente luchando para seguir en frente.
En este camino tan difícil os puedo decir que sólo he conseguido aguantar tanta injusticia y tanta dificultad por el apoyo de todas estas personas. Hoy sé que no estamos solos y eso nos da la fuerza necesaria para luchar junto a mi padre, por justicia, por su inocencia. En este camino, mi Miguel, nuestro Miguel, ha sido una pieza fundamental… él ha vivido junto a nosotros situaciones difíciles, momentos duros, de llanto, de angustia, de rabia. Y en todos ellos ha sabido ser una persona fuerte lo bastante para ayudar a todos, en especial a mí. Os digo que no sé lo que sería de mi si no tuviera a mi Migui a mi lado en estos últimos meses. Vivir momentos buenos con la gente a la que queremos es maravilloso, pero vivir momentos tristes nos enseña que el verdadero amor está también en esta lucha por sobrevivir, por aguantar, por estar al lado de quien necesita.
Os agradezco de corazón que, aunque lejos, aunque sin poder entender toda esta historia de mi país, hayáis transmitido buenos pensamientos, oraciones y pedidos de que todo saliera bien. Aunque no hayamos podido encontrar la justicia, sabemos en mi familia lo importante que es existir una corriente positiva por mi padre, que es enorme, y que tanto sentimiento positivo sólo puede traer cosas buenas, aunque tengamos que esperar un poco por eso.
 En uno de los días más difíciles para mi padre, cuando fue condenado, en medio a tanta cosa mala él fue capaz de una vez más pensar en los demás, antes que en él mismo. Me miró a los ojos y dijo: “Hija, tienes que ir a España en fin de año. Yo quería ir, pero al final no pudo ser. Alguna vez volveré a Sevilla, pero aunque no pueda ir, tú y Miguel debéis ir con los niños, para salir un poco de aquí, recuperar las energías. Y sobretodo porque Miguel lo merece después de todo lo que ha aguantado aquí en estos últimos meses”. Y por eso vamos a España, con los corazones muy heridos, pero con la esperanza de encontrar tranquilidad y un poco de paz.
Yo de mi parte, aunque viva sentimientos de los más variados, deseo reencontrarme con Sevilla y con su gente de una manera diferente a la que dejé hace poco más de tres años, cuando dejamos a España. La verdad es que todo eso que está pasando con mi padre me está haciendo ver la vida de una manera muy diferente; la lucha que tendremos por delante será dura, mi padre tendrá que ser fuerte, nosotros también, por eso todo lo demás que haya en mi vida que pueda arreglarse con una sonrisa, una conversación y un abrazo, lo haré.
Os agradezco de corazón que hayáis tenido la paciencia de leer mis palabras, y espero que el próximo reencuentro permita de verdad que todas las heridas queden a un lado para que de verdad la fuerza de lo que vale en esta vida, vivir en paz, pueda ayudarnos a seguir luchando aquí en Brasil por la inocencia de mi padre.

Con cariño, Miruna.

A coragem é o que dá sentido à liberdade

A coragem é o que dá sentido à liberdade

Com essa frase, meu pai, José Genoino Neto, cearense, brasileiro, casado, pai de três filhos, avô de dois netos, explicou-me como estava se sentindo em relação à condenação que hoje, dia 9 de outubro, foi confirmada. Uma frase saída do livro que está lendo atualmente e que me levou por um caminho enorme de recordações e de perguntas que realmente não têm resposta.

Lembro-me que quando comecei a ser consciente daquilo que meus pais tinham feito e especialmente sofrido, ao enfrentar a ditadura militar, vinha-me uma pergunta à minha mente: será que se eu vivesse algo assim teria essa mesma coragem de colocar a luta política acima do conforto e do bem estar individual? Teria coragem de enfrentar dor e injustiça em nome da democracia?

Eu não tenho essa resposta, mas relembrar essas perguntas me fez pensar em muitas outras que talvez, em meio a toda essa balbúrdia, merecem ser consideradas...

Você seria perseverante o suficiente para andar todos os dias 14 km pelo sertão do Ceará para poder frequentar uma escola? Teria a coragem suficiente de escrever aos seus pais uma carta de despedida e partir para a selva amazônica buscando construir uma forma de resistência a um regime militar? Conseguiria aguentar torturas frequentes e constantes, como pau de arara, queimaduras, choques e afogamentos sem perder a cabeça e partir para a delação? Encontraria forças para presenciar sua futura companheira de vida e de amor ser torturada na sua frente? E seria perseverante o suficiente ao esperar 5 anos dentro de uma prisão até que o regime político de seu país lhe desse a liberdade?

E sigo...

Você seria corajoso o suficiente para enfrentar eleições nacionais sem nenhuma condição financeira? E não se envergonharia de sacrificar as escassas economias familiares para poder adquirir um terno e assim ser possível exercer seu mandato de deputado federal? E teria coragem de ao longo de 20 anos na câmara dos deputados defender os homossexuais, o aborto e os menos favorecidos? E quando todos estivessem desejando estar ao seu lado, e sua posição fosse de destaque, teria a decência e a honra de nunca aceitar nada que não fosse o respeito e o diálogo aberto?

Meu pai teve coragem de fazer tudo isso e muito mais. São mais de 40 anos dedicados à luta política. Nunca, jamais para benefício pessoal. Hoje e sempre, empenhado em defender aquilo que acredita e que eu ouvi de sua boca pela primeira vez aos 8 anos de idade quando reclamava de sua ausência: a única coisa que quero, Mimi, é melhorar a vida das pessoas...

Este seu desejo, que tanto me fez e me faz sentir um enorme orgulho de ser filha de quem sou, não foi o suficiente para que meu pai pudesse ter sua trajetória defendida. Não foi o suficiente para que ganhasse o respeito dos meios de comunicação de nosso Brasil, meios esses que deveriam ser olhados através de outras tantas perguntas...

Você teria coragem de assumir como profissão a manipulação de informações e a especulação? Se sentiria feliz, praticamente em êxtase, em poder noticiar a tragédia de um político honrado? Acharia uma excelente ideia congregar 200 pessoas na porta de uma casa familiar em nome de causar um pânico na televisão? Teria coragem de mandar um fotógrafo às portas de um hospital no dia de um político realizar um procedimento cardíaco? Dedicaria suas energias a colocar-se em dia de eleição a falar, com a boca colada na orelha de uma pessoa, sobre o medo a uma prisão que essa mesma pessoa já vivenciou nos piores anos do Brasil?

Pois os meios de comunicação desse nosso país sim tiveram coragem de fazer isso tudo e muito mais.

Hoje, nesse dia tão triste, pode parecer que ganharam, que seus objetivos foram alcançados. Mas ao encontrar-me com meu pai e sua disposição para lutar e se defender, vejo que apenas deram forças para que esse genuíno homem possa continuar sua história de garra, HONESTIDADE e defesa daquilo que sempre acreditou.

Nossa família entra agora em um período de incertezas. Não sabemos o que virá e para que seja possível aguentar o que vem pela frente pedimos encarecidamente o seu apoio. Seja divulgando esse e/ou outros textos que existem em apoio ao meu pai, seja ajudando no cuidado a duas crianças de 4 e 5 anos que idolatram o avô e que talvez tenham que ficar sem sua presença, seja simplesmente mandando uma palavra de carinho. Nesse momento qualquer atitude, qualquer pequeno gesto nos ajuda, nos fortalece e nos alimenta para ajudar meu pai.

Ele lutará até o fim pela defesa de sua inocência. Não ficará de braços cruzados aceitando aquilo que a mídia e alguns setores da política brasileira querem que todos acreditem e, marca de sua trajetória, está muito bem e muito firme neste propósito, o de defesa de sua INOCÊNCIA e de sua HONESTIDADE. Vocês que aqui nos leem sabem de nossa vida, de nossos princípios e de nossos valores.  E sabem que, agora, em um dos momentos mais difíceis de nossa vida, reconhecemos aqui humildemente a ajuda que precisamos de todos, para que possamos seguir em frente.

Com toda minha gratidão, amor e carinho,

Miruna Genoino

09.10.2012

Querida pessoa amiga

Querida pessoa amiga,

Se você está lendo esse e-mail é porque em algum momento dos últimos 7 anos, apoiou a mim ou à minha família no que diz respeito ao meu querido pai, José Genoino. Como devem saber, depois de tudo o que passamos, hoje começou a julgamento daquilo que a mídia inteligentemente apelidou de “mensalão”, momento onde, entre os muitos acusados, meu querido pai será julgado por supostas ações de formação de quadrilha e corrupção.
Meu coração está partido, machucado e dolorido. Mas firme e íntegro, para que seja possível apoiar quem mais necessita, que é meu pai. Estamos todos bastante preocupados e tristemente preparados para toda e qualquer consequência. Se tivéssemos plena confiança de que o julgamento será baseado em provas, estaríamos tranquilos, pois não existe qualquer prova contra meu pai, nenhuma mesmo, mas por tudo o que já vivemos sabemos que existe uma pressão muito grande da mídia e que essa mesma mídia já conseguiu muita coisa realmente inacreditável, convencendo muita gente.
Realmente em determinados momentos foi preciso muita coragem para dizer para qualquer um da família Genoino, “estamos com vocês, acreditamos em vocês, contem comigo” e gostaria do fundo, fundíssimo mesmo do meu coração, agradecer a você, que agora lê esta mensagem, por ter conseguido nos apoiar. Independentemente de partido ou de mídia.
Meu pai não é o mesmo homem. Ele, que saiu do sertão de Quixeramobim, no Ceará, que dedicou sua vida e quase a perdeu em nome da defesa da liberdade e da democracia, agora se vê novamente sendo julgado e ameaçado de ir à prisão. A última vez em que isso aconteceu, eram os anos 60 e supostamente muita coisa era diferente em nosso país. Meu pai não é o mesmo homem porque é uma pessoa amargurada, triste, mas é o mesmo homem em seus ideais. Continua acreditando que vale a pena lutar pelas pessoas, sacrificar-se a si mesmo para defender aquilo que acredita. Continua considerando que vale a pena acreditar que “é possível melhorar a vida das pessoas”, como ele mesmo diz.
Não sabemos o que vai acontecer, mas estamos bastante preocupados. Confiamos muito no advogado dele, mas também recorremos a outras fontes, para oferecer alguma paz às nossas almas. Eu, por exemplo, fui em julho para Aparecida do Norte, e isso me confortou de uma forma que jamais poderei descrever.
A você que me lê agora, meu muito obrigada. Continuamos precisando e muito de seu apoio, pois nos espera um mês extremamente duro e muito difícil, e só com palavras amigas poderemos seguir em frente. E, se você acredita na verdade do que aqui digo, e puder, passe para frente esse pensamento, a necessidade de sair do que a mídia fala, para entender o que de fato aconteceu. E, em nome deste carinho especial que imagino que você tenha por mim e por minha família, por ter feito valer a amizade mesmo quando não era uma honra ser meu, nosso amigo, peço de cabeça erguida, que transmita a meu pai toda e qualquer forma de sentimento positivo, seja por meio de uma oração, uma prece especial, uma palavra amiga ou uma vontade interior de que tudo fique bem.
Independentemente do que acontecer, eu, minha mãe e meus irmãos estaremos honrados de estar ao lado do meu pai. Firmes. Todos nós caminhamos junto a ele porque sabemos que, mesmo se soubesse que isso um dia aconteceria e lhe perguntassem: “Genoino, se você voltasse no tempo, faria tudo de novo?” ele responderia: “Sem dúvida alguma”. Não teremos jamais vergonha de sermos filhos ou esposa de José Genoino Neto. E agradeço de coração que você não tenha tido vergonha de ser nosso amigo também.
Com todo meu amor,

Miruna

Meu querido presidente Lula

Meu querido presidente Lula,

Não sei ao certo quando conseguirá ler esta carta, mas escrevo com a esperança de que a história que vou te contar, possa um dia chegar até você levando toda a beleza que leva consigo.

Como deve saber, no mesmo ano em que meu pai sofreu seu grande drama político, no ano de 2005, eu e meu namorado espanhol decidimos nos casar e morar em Sevilha, Espanha. Foi uma decisão dura, difícil, ainda mais quando vi que teria de comunica-la justo no momento em que meu pai tão querido e tão amado tinha perdido tudo e se encontrava sem rumo. Surpreendentemente, foi ele a pessoa que mais me ajudou. Não fraquejou em nenhum momento, conseguiu mostrar-se feliz por me ver em busca de minha felicidade e enquanto minha mãe e meu irmão choravam pela minha partida, ele dizia: “Vou sofrer, mas sei que você vai ser feliz. Um dia eu também deixei tudo e saí de casa e sei como é quando o destino coloca a gente diante de uma coisa assim.”. E aí esteve ele, meu “Genoino” pai, ajudando-me e apoiando-me em tudo, justo quando ele estava passando pelo momento mais difícil de sua carreira política.

Foram meses de muitas emoções encontradas, por um lado a alegria de realizar meu grande sonho, casar com um grande amor, e por outro o medo, a tristeza e muitas vezes a culpa, de deixar minha familia em um momento tão delicado. Mas sempre meu pai esteve aí, conseguiu fazer com que minha mãe e meu irmão embarcassem comigo na minha decisão, conseguiu sempre trazer palabras positivas e esteve comigo, fisicamente, mais do que nenhuma vez em nossa vida de pai e filha. Sabe Lula, você bem sabe, meu pai se fechou para o mundo, desiludido com a política, com os jornalistas, com a vida. Mas nunca se fechou para nós, para sua familia. Nesta época passamos muitos momentos duros, dificultades financieras, escarnio público (quando o programa “Pânico” fez seu show na porta de minha casa), meu pai só queria estar em casa, mas soubemos vencer as dificuldades, minha mãe dizia que meu casamento até ajudou, porque levou a mente de todos nós para algo bonito. E naquela época, foi uma das únicas coisas que fazia meu pai reagir e tomar providências, como quando mesmo sem nunca sair de casa, se dispôs a ir comigo no Consulado da Espanha às 6 da manhã para esperar comigo na fila para o visto.

Bem, em janeiro de 2006 eu deixei o meu, o seu, o nosso Brasil. Foi duro, mas de certa forma bonito, porque eu estava deixando tudo, trabalho, familia, amigos, por um grande amor, aquele amor que a gente só encontra uma vez na vida. Em março deste mesmo ano me casei aqui na Espanha e felizmente meus pais vieram para cá e meu pai deu-me seu grande presente, que foi entrar comigo na igreja, levando-me até o altar. Vivemos momentos bonitos, mas meu pai naquele momento ainda não estava totalmente bem, ainda mais porque estava meditando sobre se voltar ou não ao panorama político por meio de uma candidatura a deputado federal. No fim, quase na mesma época em que descobri que estava grávida, outro grande sonho que eu levava em meu coração, meu pai decidiu que tentaria sua candidatura.

Eu, que sempre vivi todas as eleições pintada dos pés à cabeça com estrelas do PT e fotos dos candidatos, desta vez passei por todo este processo à distância, sem poder ajudar, apenas apoiando e acompanhando. Sofria nem tanto por não poder votar, já que depois do que aconteceu com meu pai eu tinha decidido que só votaria de novo nele e em você Lula, tal era minha desilusão, mas sofri em ter que acompanhar tudo de longe, sem estar lá para apoiar a toda minha família. Meus pais me contavam da expectativa, da possibilidade de uma vitória sua no primeiro turno, eram muitas as emoções encontradas e sabíamos que existia muita coisa em jogo.

Quando chegou o dia da votação, eu, grávida de 8 meses, estava uma pilha de nervos. Por culpa do fuso horário tive que ficar acordada até as 5 da manhã para saber o resultado. Jamais esquecerei aquele telefonema. Era meu pai, falando feliz, porém sereno, que sim, que ele tinha conseguido ser eleito. Eu só conseguia chorar, chorar e chorar. Nossa felicidade foi imensa, eu sabia o quanto aquela eleição era importante para todos nós, pensava que agora chegava o momento da volta por cima do meu querido pai e pudemos respirar aliviados olhando o recomeço com otimismo.

Mesmo assim, em um dos muitos telefonemas, meu pai confessou-me que sua felicidade não era completa pois estava preocupado com a sua reeleição, Lula, que no fim não pôde concretizar-se no primeiro turno. Desde o momento em que soube que existira um turno mais, para meu pai só existia isso, ele só falava disso e estacionou toda a emoção de ter conseguido ser eleito, para dizer um dia após o outro, “temos que eleger o Lula, Mimi…”. Foi em um destes dias que tive minha intuição.

Perto da votação do segundo turno, depois de uma destas conversas nas quais meus pais contavam como iam as coisas, os debates, as discussões, o medo, a esperança de uma reeleição, senti fortemente que para meu pai não era suficiente ter sido eleito deputado federal. Para ele conseguir lavar a alma, superar tudo, ele queria ajudar a eleger você Lula, como nosso presidente. Eu acho que você foi o político que conseguiu manter, mesmo nos momentos mais duros, a esperança e a confiança do meu pai na política. Ele sofreu muitas decepções, abandonos, desfeitas, mas nunca conseguiu desacreditar totalmente a política ou os políticos porque sabia que você seria alguém por quem ele sempre lutaria e batalharia.

Como dizia, em um destes dias, rezei fervorosamente para que Deus te ajudasse a ser eleito, e mesmo sem saber se isso um dia aconteceria, prometi, ainda grávida da minha filha, que se você ganhasse as eleiçoes e eu ficasse grávida de novo e fosse um menino, se chamaria Luís, em sua homenagem. Graças a Deus e ao povo brasileiro você ganhou, e eu, meu pai, tanta gente, pudemos respirar aliviados.




Minha filha Paula nasceu em novembro de 2006 trazendo paz e felicidade para todos nós. Ela veio para mostrar que tudo o que fizemos, tudo o que lutamos, os sacrificios vividos, o apoio dos meus pais para uma vida longe da filha, tudo tinha sentido e valia a pena.
Um ano e meio depois, no dia 8 de junho de 2008, nasceu nosso segundo filho, um menino, como não podia deixar de ser, e chamado Luís.

Meu marido Miguel pediu para que o nosso filhote se chamasse não só Luís, mas sim Luís Miguel, e nós hoje o chamamos carinhosamente de Luísmi. Ele é um bebê abençoado, iluminado, calmo e tranquilo que parece ter vindo como um presente de Deus para que todos sejamos felizes e transmitindo muita paz e alegria. É um bebê lindo, sorridente e de bem com a vida, e desde o momento em que o vi pela primeira vez, soube que não poderia ter escolhido melhor forma de homenagear ao meu presidente Lula.

Foi por isso Lula, que quis contar esta história. Queria que você soubesse da existencia do nosso Luís, da homenagem feita, da realização de um sonho e de um caminho longo que, ainda que muitas vezes duro, nos trouxe recompensas gratificantes e imensamente felizes. Eu criarei meus filhos longe do meu país, mas eles serão espanhóis também brasileiros e carregarão esta identidade com oprgulho, espero. Por isso me emocionei ao ver a certidão de nascimento deles legalizadas no Consulado do Brasil na Espanha e por isso sempre que pudermos, iremos ao Brasil mostrar suas raízes, uma parte de sua cultura.

Mas especialmente, Lula, criarei meu filho para que sempre faça jus ao nome que carrega, ao homenajeado que se encontra em sua existência, para que seja um ser-humano como o que vejo no presidente que presenteou o nome do meu filho: íntegro, justo, otimista, lutador e de bem com a vida.

Lula, se você chegou até aqui, muito obrigada por ler minha palavras, por conhecer a minha história e desejo de coração toda felicidade, força e paz do mundo para você e toda sua familia.

Um beijo carinhoso, Miruna